Thursday, September 22, 2005

Novela "vida no campo"




I Capitulo


Como fui pela primeira vez para Jaboatão


Não lembro com exatidão a época, e muito menos quantos anos tinha eu, mas posso afirmar que uma das mais agradável e cansativa viagem, quando era bastante pequeno, vinha de Olinda e na altura da Fazenda de Adolfo Pereira Carneiro em Sucupira, fui entregue por meu pai (Anastácio) ao meu avô paterno (Lolô Coelho), Lolô Coelho, ainda jovem, tinha consigo dois cavalos, um com sela, outro com cangalha e caçoas, Anastácio e Lolô cumprimentaram-se, partindo em seguida Anastácio, ficando eu com Lolô, que forrou um dos caçoas com cochinho que trazia sobre a sela, improvisando um berço para mim, no outro caçoa, para equilibrar o cavalo, ele pôs uma pedra, pondo o cavalo à sua frente, estalou o reio dando início a uma inesquecível jornada. O dia ainda não amanhecera totalmente, com os olhos presos no céu, lembro que vi durante um longo tempo da caminhada a constelação Três Marias, entre cochilos de cansaço, intercalava a consciência, nos meus momentos de consciência lembro que meu estimado avô sussurrava hinos religiosos podendo afirmar que um deles era “Canta meu povo, alegra meu povo que a festa não vai acabar quando findar na terra no céu vai continuar...” Os solavancos que sofria em razão da marcha do cavalo, deixava-me cansado. Já amanhecera o dia quando os cavalos pararam e meu avô em um só salto saiu da sela e foi em direção ao cavalo onde estava exclamando”E aí cabra? Como foi a sua primeira viagem de cavalo?” sem grande esforço, tirou a pedra que servia de contra-peso, indo em minha direção, tirando-me do caçoa, “Entra, tua vó já está fazendo o café.” Vovó Biliu, linda mulher, de sorriso inigualável, naquele momento estendeu os braços em minha direção, pude ver uma coroa dourada que tinha no canino esquerdo, que definia o sorriso como uma jóia, não só pelo carinho que demonstrava, mas também pelos seus bem-cuidados dentes. À mesa posta, havia um bule de café, o qual estava revestido com uma peça que nunca mais vi: um abafador (peça de tecido, como se fossem duas almofadas pregadas entre si por todos os lados, exceto um que servia para cobrir o bule, o qual lembro ainda era azul e tinha em sua lateral a estampa de umas flores amarelas. manter o café quente), destacava-se na mesa um bolo de fubá, cujo cheiro o denunciava a dezenas de metros, servimo-nos do café, do bolo, cuscuz e bastante coalhada, durante essa refeição foi que vim tomar conhecimento de que ali estava porque a minha tia avo Adelaide estava doente, era um câncer no abdômen, só que eu não sabia que doença era essa, nem as suas conseqüências, certo é que estava feliz, porque o meu avô Lolô Coelho, tropeiro que vivia dos fretes e cambitos era daquele instante em diante meu guardião, pessoa que me levaria a conhecer o mundo visto de cima, de cima do lombo de um cavalo. Perto da casa passava a linha férrea, ainda no momento da refeição passou um trem movido a vapor. Vovó Biliu levou-me até a janela para ver o trem que passava e com o rosto junto ao meu ela dizia que o barulho do escape de vapor cantava uma canção “Vou danado pra Catende, vou danado pra Catende...” O comboio, tendo à frente uma máquina preta com um número do qual não lembra em bronze puxava um comboio de cinco ou seis carros de passageiro, tendo no fim um carro marrom que muito depois vim saber que se tratava do carro dos Correios e Telégrafos. Tão logo terminou o café, fui vencido pelo cansaço, o sono tomou meu corpo e só acordei quando convidado para o almoço. Tudo era diferente, a comida era feita numa trempe de barro e o combustível era lenha e carvão, a panela era de barro e totalmente preta pela fuligem, a carne guisada tinha um molho denso muito encorpado, ligeiramente tostada, ficando o molho grosso no fundo da panela de barro que vovó Biliu tirou da panela com uma meia colher de sopa, já desgastada pelo atrito do alumínio no barro. O feijão era cozido com o arroz na mesma panela e ao mesmo tempo, tinha um agradável sabor. À mesa havia bastante frutas, bastante laranja. Lolô Coelho, a quem posteriormente eu chamava de Vié, em face de seu sobrenome Xavier e da forma como ele o pronunciava, com seu sotaque arrastado. Assim foi o meu primeiro dia na cidade de Jaboatão, mais precisamente no terreno onde hoje é a Granja de treinamento do 14° Batalhão de Infantaria. A casa ficava a uns trinta metros de distância de um rio que se precipitava do sangrador da barragem, sangrador este com uns trinta metros de largura e uns cinqüenta metros de comprimento. No dia seguinte vi pela primeira vez esse rio de águas cristalinas que permitia ver os peixes que nele nadavam, a areia nós podíamos ver deslocar-se e acompanhar o curso da água, e eu assistia àquela transformação de encanto sem depredação, não resisti e pedi: “Vovô Lolô, deixe eu tomar um banho nesse rio?” ele era um homem de meia-idade, espadaúdo, de pele queimada do sol, mantinha em sua cabeça um chapéu de couro, que pelo passar dos tempos já havia perdido sua forma, já não tinha o coco, o cordão jugular, sempre mantido ao queixo, mantendo o chapéu ligeiramente atravessado para o lado esquerdo, sua camisa aberta, presa por apenas um ou dois botões, com um par de botas militares, coturno, mantendo sua calça presa dentro deles, respondeu, bondoso, porém muito enérgico: “Você não precisa pedir pra fazer nada, tem o direito de fazer o que quiser, desde que respeite o direito dos outros”, tirei toda a minha roupa e fui me agachando, pelo capim me arrastava até entrar naquela água fria e gostosa, descendo o barranco e lá permanecendo entre pulos de satisfação pela liberdade que começava a conhecer. Não demorou meia-hora, chegou ele trazendo um cavalo lazão de quatro patas brancas e de frente aberta, dizendo: “Dê banho neste cavalo!” e se já estava bom o banho, agora se tornara ainda melhor, dentro da água , o cavalo com água pelo dorso, atrevi-me e montei, foi o início de uma relação de companheirismo entre eu e aquele cavalo cujo nome era Galico. Até hoje não sei o significado ou o motivo daquele nome “Galico”, sei apenas que fui a primeira pessoa a monta-lo e foi também a primeira vez que montei, assim iniciou-se uma relação de amizade entre eu e Galico, sempre administrada à distância por Lolô Coelho, meu avô Vié. Passados seis meses esse grupo recebeu outro membro, era um cachorro, grande, vira-lata, amarelo lavrado de branco, ou se era branco lavrado de amarelo não sei, que atendia pelo nome de Machuca. Muitas carreiras foram dadas, eu sobre o dorso de Galico ( pequeno galo) que era acompanhado pata a pata por Machuca. Fui crescendo, e sempre nos períodos de férias escolares estava eu com Lolô, no período escolar vivi momentos desagradáveis quando na escola, pois a liberdade que tinha no campo não encontrava na escola, ainda lembro, estudava na Academia de Santa Gertrudes, na qual havia uma madre chefe de disciplina cujo nome era Valburj, ou algo parecido, sei apenas que era uma baixinha de voz estridente em que educava na porrada, o que foi gerando em mim um conflito: a liberdade do campo e a prisão da escola, pois vivia no regime semi-interno, na escola, quando não conseguia repetir o ensinado ia para a palmatória, no campo quando não conseguia aprender, Vié tinha paciência e me ensinava. Lembro de uma certa vez quando no exercício de uma prática usual de ensino, chamada de sabatina, a mestra, cujo nome não lembro, pôs a sala em forma de circo e perguntava a tabuada de cinco e eu estava felicíssimo pois era uma tabuada fácil e naquele dia não apanharia, porém ao chegar a minha vez fui indagado por um colega quanto era 8x5, então eu disse que não sabia porque a tabuada era de cinco e não de oito,
























II Capitulo


O novo rumo na vida


Em um das viagem de meu avo, como passageiro do moderno trem, da época e região, Lôlo vestido a caráter, segundo entendimento próprio, calca e camisa mangas longas em masca azul, seu característico chapéu de couro, desembarca na estação de Bezerros. Onde la deveria pegar um caminhão carro misto (misto era o nome dado aos veículos de carga, adaptado, isto é parte da cabina cortada e construída em madeiro da caber mais passageiro), para prosseguir viagem ate seu destino, neste momento teu mudou, na esplanada da estação havia uma jovem sentada sobre uma mala de madeira revestida em uma espécie de papel amarelo, muito comum as pessoas de pouca poder aquisitiva, chorando em desespero, o que chamou a tensão de Vie, que de imediato aproximasse e percebeu um muito jovem e bela moça, que chorado, inquieto e um tanto atrevido, forma peculiar do velho tropeio, que foi logo perguntando o que chove para de chores tanto. E entre soluços a jovem que vestia um deformado vestido de chita azul estampado com florezinhas amarelas, tendo replicado meu avo, diga o que houve,
_ Disse a jovem é eu que não sei pra ande ir.
_ Lolo e você quer ir pra donde ?
_Nao é pra donde quero ir é que não quero....
_Se não quer não vá...
A jovem ainda quase criança... chorava e choravam O meu avo um espécie de Dom Quixote de Jaboatão, sento se ao lodo da jovem em seu própria maleta, e depois de muito descobriu que a jovem havia cedido sua virgindade ao namorado que não assumiu o descabaçamento como dito na época e região, este fato motivou o pai da descabaçada as expulsá-la de casa dedo ela ir pro zona com todas as outras descabachados e não assumidas, este destino indignou Vie, ....
_Você não vai pra zona merda nenhuma!....

_Se é casamento que você precisa pra salvar sua honra eu caso.. Só que ele era casado com minha avo Biliu, porem, o espadaúdo velho, tomou a jovem que nem mesmo o nome sabia, indagou onde mora seu pai, respondendo ela entra lagrimas perto daqui nos tanques de piaba em Camocim de São Felix, e em um piscar de olhos, estavam diante do pai da chorona Vie e ela, bom dia disse o atrevido Quixotiano, tendo o pai da jovem que atendia pelo nome de Z e de Pota (no interior do nordeste é assim, o nome de família é a vinculação do nome com o nome da pai ou mãe, Zé de Poto, é José que era filho de Dona Pota de tanque de piabas) o Velho Coelho homem espadaúdo de mais de um metro e oitenta em ton enérgico. Encontrei sua filha chorando na estação, e perguntei pro que e disse que o sinhô butou ela pra fora de casa porque ela não é mais donzela, e filha sua que não é donzela só é fia sua se casar. Então esse não é o problema eu caso. O sinhô fica com ela e depois eu volta e caso. Assim, ficou todo aromado, só que não estava nos planos de Lolo Coelho, voltar porque era casado, se despediam, trocaram apertos de mão depois de conhecer toda a família.
Lolo Coelho, se afastava da pensando uma mentira boba resolve muita coisa.
Chegando no destino da viagem atrasado quase em dia Lolo encontrou com os irmãos que eram entres que eram casados com três irmãos, revolvido as pendências da viagem. E volta para casa, só voltou pesaroso pensativo, pois não conseguia tirar da cabeça a jovem Lurdinha que havia deixado em Tanque de Piabas.
Embora Lolo fosse homem aventureiro, e raparigueira no dizer de Biliu, ficou cabreiro, de poucas conversas.






III Capitulo

O conflito existencial

Por muito a tristeza apoderou se de Lolo Coelho que ficava entre Jaboatão e a vila de Tanque de Piabas, chegando as mais locas viagens entres algumas que destacaram se pela astúcia, uma delas foi realizada de bicicleta uma a cavalo, tudo por saudade de ambas as melhores, naquela época e trem seguia para o sertão a terças e voltava aos domingos assim, sem alternativa

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