Wednesday, August 16, 2006

Observação da Céu a olho nú




Leitura do céu

A observação a olho nu

Para o nosso primeiro contato com o Universo, devemos procurar locais livres de obstáculos que nos impedem de observar o céu em toda sua amplitude, de um lado ao outro do horizonte. Longe das luzes ofuscantes das cidades, o que só pode­mos obter nas fazendas ou acampamentos afastados dos grandes centros urbanos, nas noites límpidas, sem Lua e sem nebulosidade, poderemos assistir a um dos espetáculos mais indescritíveis: toda a abóbada celeste estrelada.

A beleza do céu estrelado nos produz uma profunda emoção. Simultaneamente somos possuídos por um enorme sentimento de incapacidade para compreendê-la. Julgamos que são necessários conhecimentos fora do comum, grande inteligência e um instrumento possante para conseguir decifrar o céu, ou seja, saber o nome de cada constelação e de suas respectivas estrelas. Mas tudo é possível mesmo com a vista desarmada, ou com instrumentos modestos, uma carta celeste e um pouco de paciência.

O principal será saber usar a visão, o mais importante instrumento de um iniciante nos mistérios do Cosmo. O olho humano é o instrumento ótico que melhor se adapta, automaticamente, às mais diferentes circunstâncias. Os defeitos da visão, como a miopia, hipermetropia e astigmatismo, quando corrigidos convenientemente por óculos de graduação certa, não constituem um obstáculo. Na obscuridade, a sensibilidade do olho pode se tornar 200 mil vezes superior à visão em pleno dia, à luz do Sol, graças ao aumento do diâmetro da pupila e sobretudo à formação da púrpura retiniana, substância vermelha fotossensível, que se forma na obscuridade. Assim, é preciso um intervalo de quase uma hora no escuro, para se beneficiar inteiramente desta vantagem. Um intervalo de 15 minutos é o mínimo para que se inicie qualquer observação, seja a olho nu ou com o melhor e mais possante telescópio. No caso de incidências periódicas de luzes, o processo de adaptação da retina começará a sofrer retardamentos que poderão prejudicar a readaptação ao escuro. Nas cidades com grande movimento, este fator é o mais sério. Convém evitá-lo protegendo-se o olho das luzes mais próximas. A difusão das luzes das cidades na atmosfera fará com que a observação se limite às estrelas mais brilhantes; mesmo assim, será possível iniciar um estudo do céu.

Para compreender os movimentos do céu sem nenhum instrumento astronômico, convém ficar algumas horas, à noite, observando os deslocamentos das estrelas. Além da esteira leitosa — a Via Láctea — que atravessa o céu, irão surgir subitamente um ou mais riscos luminosos — os meteoros — cortando o fundo azul-escuro da imensa cúpula salpicada de pontos luminosos — as estrelas. Esses belos e indescritíveis fenômenos não deverão perturbar nossa observação do lento deslocamento dos astros.

Quando se contempla atentamente o céu no decorrer de uma noite límpida, a primeira coisa que nos impressiona é o fato de todas as estrelas em conjunto se deslocarem ao redor de um mesmo ponto. Pela manhã, quando o Sol faz a sua aparição, iremos constatar que ele também parece se deslocar no mesmo sentido das estrelas. No meio de uma planície, ou em pleno oceano, a nossa visão será limitada por um imenso planalto circular cujo limite se denomina horizonte.

O Sol parece surgir sempre do mesmo lado do horizonte — leste —, de onde sobe até atingir uma posição elevada e em seguida desce para um ponto do horizonte oposto — oeste. Se nos colocarmos de tal modo que o leste esteja á direita e o oeste à esquerda, teremos à nossa frente o norte e, atrás, o sul. Se colocarmos um poste perpendicular ao solo, o seu prolongamento irá perfurar o céu em um ponto acima de nossa cabeça: o zênite. Prolongando este mesmo poste em sentido oposto, teremos do outro lado do globo terrestre o nadir. A linha ideal que este poste representa é a vertical desse local que pode ser materializada pela direção do fio de prumo que os pedreiros empregam para elevar um muro verticalmente ao solo.

Desta observação a olho nu podemos constatar os seguintes fatos:

1. As estrelas aparecem do lado leste do horizonte e deslocam-se paralelamente no céu em direção ao lado oeste, onde desaparecem. No entanto, se observar­mos as regiões acima do horizonte sul, notaremos que as estrelas parecem girar ao redor de um ponto: o pólo celeste sul. Tal movimento diário das estrelas é aparente. Na realidade, é a Terra que ao girar ao redor do seu eixo de rotação transmite a impressão de que todas as estrelas (inclusive o Sol) e também a Lua estão girando em torno da Terra continuamente. O ponto ao redor do qual as estrelas descrevem círculos concêntricos é aquele em que o eixo da Terra prolongado perfuraria a esfera celeste. Um observador, nos pólos terrestres, seja no norte ou no sul, veria as estrelas girando paralelamente ao horizonte, continuamente, e nunca nascerem ou se porem no horizonte. Um outro observador, no equador terrestre, veria as estrelas nascerem e se porem perpendicularmente no horizonte. Tal deslocamento é o movimento aparente diurno provocado pela rotação terrestre.

2. Observando sempre num mesmo lugar, o observador verá que uma mesma estrela aparece e desaparece todos os dias em um mesmo ponto do horizonte. Todavia, de um dia para o outro, o observador irá notar que uma mesma estrela aparece e desaparece 4 minutos mais cedo. Em um mês, este avanço será de duas horas (30 dias x 4 minutos: 120 minutos, ou seja, 2 horas). Assim, o céu de 1° de setembro, às 20 horas, será o mesmo de 1° de agosto às 22 horas. Pôr este motivo, se observarmos o céu sempre à mesma hora, veremos que o seu aspecto se modificará:

Algumas estrelas deixarão de ser vistas e outras surgirão. Num intervalo de seis meses, todas as constelações visíveis serão diferentes, se observarmos o céu em uma mesma hora e num mesmo local. No final de um ano (365 dias x 4 minutos = 1 460 minutos = 24,33 horas), teremos aproximadamente 24 horas, ou seja, estaremos de volta à situação inicial. Tal fenômeno é o movimento aparente anual, causado pelo movimento da Terra ao redor do Sol, em um ano.

3. Ao observarmos as constelações junto ao horizonte, iremos vê-Ias aumenta­das, com as estrelas mais afastadas entre si, o que irá ampliar e deformar o seu desenho característico, como aliás ocorre com o Sol e a Lua quando próximos ao horizonte. Ao passarem pelo zênite, as constelações parecem menores.







Identificando as estrelas

Para observar as principais estrelas não é necessário um conhecimento preliminar de Astronomia, principalmente se essa observação do céu estrelado tiver como objetivo satisfazer a curiosidade de saber e/ou compreender a posição do homem no Universo sideral. O reconhecimento das constelações pode ser realizado num período de tempo muito curto. Em geral, de dez a quinze dias, ao fim dos quais umas cinco dezenas de estrelas, entre as mais brilhantes, poderão ser identificadas.

Este método, que se baseia essencialmente na memória visual, consiste em duas principais etapas: conhecer e memorizar algumas constelações de dimensões e for­mas características. Com este objetivo deveremos fixar e/ou escolher no céu grupos de estrelas de referências facilmente reconhecíveis, muito diferentes entre si para não serem confundidas e, por outro lado, muito bem distribuídas na abóbada celeste para permitir um melhor reconhecimento de todo o céu. Com base nestes grupos estelares iremos, por curtos alinhamentos entre as estrelas mais brilhantes, localizar e identificar o conjunto das constelações que desejamos estudar.

Observando as estrelas e constelações

Para melhor identificar as constelações e as estrelas convém estar munido de um mapa celeste e de uma pequena lanterna elétrica, de preferência com luz vermelha, para iluminar o mapa. Se você não conhece os pontos cardeais (leste, oeste, norte e sul) é conveniente utilizar uma bússola. No entanto, se você já aprendeu a localizar o Cruzeiro do Sul, o mais lógico será orientar-se por ele, prolongando o eixo maior da cruz quatro vezes e meia para localizar o pólo sul da esfera celeste.

Para observar as estrelas e/ou as constelações próximas ao horizonte, a melhor posição é colocar-se de pé, voltando-se sucessivamente para os pontos cardeais. Pa­ra as estrelas e/ou constelações próximas ao zênite, a posição mais cômoda do observador é manter-se deitado no solo. De início, o observador se orienta colocando seu mapa entre ele e o céu, fazendo coincidir o norte do céu com o norte da carta. O processo será olhar o mapa desta direção (com a luz da lanterna), baixar o mapa, e procurar no céu, na posição correspondente, a mesma constelação observada no mapa. Este ato de ficar com a cabeça para trás, levantando os braços para observar o mapa e depois abaixando-os para observar o céu, poderá ser um exercício cansativo. Aconselhamos observar de pé as estrelas próximas ao horizonte, dirigindo-se sucessivamente para cada ponto cardeal indicado no mapa, e observar deitado no solo quando a estrela estiver no zênite.

Para encontrar as estrelas ou constelações devemos estabelecer relações de proximidade com outras já conhecidas, usando-se os pontos cardeais. Por exemplo, a oeste do Cruzeiro do Sul, a leste do Centauro. Poder-se-ia também dizer acima, abaixo, à direita e à esquerda. A linha imaginária que, ligando duas estrelas conhecidas, permite encontrar, em linha reta, outra estrela ou constelação, deve ser estabelecida no mapa celeste. Em seguida, transfere-se essa linha imaginária e a sua relação de proximidade para a observação no céu.



A escolha do mapa celeste

O mapa celeste pode ser um planisfério, ou seja, uma representação retangular de toda a esfera celeste. Ele tem o inconveniente de deformar, ampliando os desenhos e os espaços, todas as constelações situadas ao redor dos pólos celestes (constelações circumpolares). Este efeito é mais sensível depois dos 50 graus de declinação até os 90 graus. Entretanto, os planisférios são muito úteis na faixa de 50 graus norte e 50 graus sul, a partir do equador celeste.

Outro tipo de mapa celeste é a representação da esfera celeste em vários círculos. A vantagem é não deformar as constelações circumpolares. Em geral, nesta representação o emprego de várias cartas celestes evita as deformações, mas obriga o uso de vários mapas para representar a variação do aspecto do céu nas diversas horas de uma noite ou de várias noites numa mesma hora. Um outro mapa muito prático é a carta celeste móvel ou giratória que fornece a representação do céu estrelado visível a qualquer dia e hora.





A cintilação das estrelas

Sob o aspecto de pontos luminosos, as estrelas parecem sofrer permanentes e bruscas alterações de brilho e coloração. Tais mudanças incessantes e repentinas, chamadas cintilação, são provocadas pelas contínuas modificações nas diferentes camadas da nossa atmosfera. Em virtude de as sucessivas camadas da atmosfera apresentarem diferentes níveis de temperatura, densidade e umidade, os raios luminosos provenientes das estrelas sofrem refrações desiguais nas diferentes cores. A cintilação estelar é menos intensa quando a atmosfera é mais calma e o caminho per­corrido pelos raios luminosos é mais curto. Em conseqüência, como no horizonte a estrela atravessa uma maior espessura da atmosfera do que no zênite, a cintilação é maior quando a estrela se encontra baixa no horizonte. Ao contrário, as estrelas próximas ao zênite só cintilam nos dias de muito vento. Pela mesma razão, a cintilação é menor no cume das montanhas do que no nível do mar.

As estrelas brancas, como Sirius, cintilam mais que as vermelhas, como Antares. lnicialmente, a cintilação é mais intensa nas estrelas brancas e azuis, depois nas amarelas, e mais reduzida nas estrelas vermelhas.

Cor das estrelas

Ao observar o céu pela primeira vez verificaremos que as estrelas mais brilhantes se apresentam coloridas. Canopus, Vega, Regulus apresentam-se com uma cor azul próxima ao branco e Altair, Sirius e Spica com um brilho branco ligeiramente azulado. A Alfa do Cocheiro (Capella) é amarelo-dourado, assim como Procion, Polar e PoIlux. Castor (Alfa de Gêmeos) é verde pálido e Rigel (Beta de Órion) azul-esverdeada. A estrela Beta da Balança se apresenta na cor verde-esmeralda — uma das raras estrelas visíveis a olho nu com esta coloração. Betelgeuse (Alfa de Órion) e AIdebaran (Alfa do Touro) possuem uma coloração nitidamente avermelhada, enquanto Antares (Alfa do Escorpião) apresenta-se na cor vermelha.

Quando as estrelas se encontram baixas no horizonte, as radiações azuis são absorvidas e elas aparecem com uma coloração avermelhada. Por outro lado, na aurora e no crepúsculo, quando o Sol está próximo do horizonte, todas as estrelas parecem mais pálidas.



As constelações

Para facilitar a descrição do céu, o homem primitivo resolveu reunir as estrelas em grupos, constituindo deste modo as constelações. Na realidade, elas não constituem sistemas de estrelas associados, pois em geral se encontram muito distantes entre si, dentro da nossa Galáxia.

Origem e significado das constelações zodiacais

O estudo da origem das constelações tem demonstrado que a sua distribuição e denominação, longe de constituir uma fantasia dos povos primitivos, representa uma cartografia ordenada do céu, com uma série de finalidades utilitárias. Tudo in­dica que os povos primitivos utilizaram as constelações com a finalidade principal de orientá-los no desempenho de suas atividades agrícolas e náuticas. O agrupa­mento das estrelas em constelações seguiu dois sistemas: um zodiacal e outro equatorial. E difícil dizer qual dos dois é mais antigo. Podemos afirmar que o sistema de nomenclatura equatorial está ligado à orientação por meio das estrelas na navegação noturna, enquanto o sistema zodiacal tinha por finalidade a determinação das estações, prendendo-se, assim, às atividades agrícolas.

As mais antigas denominações surgiram entre os povos da Mesopotâmia, onde as noites serenas e estreladas facilitavam a observação dos astros. Assim, os povos babilônios, que pertenceram a uma civilização que remonta a mais de 4 000 anos, através de suas observações de início empíricas foram se aperfeiçoando lentamente até que, nos últimos séculos antes de Cristo, já tinham elaborado um calendário e uma representação do céu bastante útil às atividades agrícolas e náuticas da época. Nos primeiros zodíacos encontramos a constelação do Touro como o primeiro signo, pois o equinócio da primavera (momento em que o Sol passa do hemisfério sul para o hemisfério norte) localizava-se nesta constelação. Todavia, em virtude do movimento de precessão, o equinócio se desloca sucessivamente, em todos os signos, num período de 26 000 anos, aproximadamente. Como se pode ver na tabela adiante, a partir de 2150 a.C. o equinócio tem lugar no signo de Áries, e desde o primeiro século de nossa era encontra-se no signo de Peixes.

Aliás, convém lembrar que entre os persas o céu era dividido em quatro partes pelas chamadas quatro estrelas reais — Aldebarã, Regulus, Antares e Fomalhaut —, utilizadas na agricultura para indicar o início das estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Pela extensão de certas constelações zodiacais, tais como Leão e Câncer, somos levados a concluir que a divisão do zodíaco em doze partes, cor­respondentes aos doze meses do ano, foi posterior à formação destas constelações. Cada signo zodiacal ocupa 30 graus; ora, Leão e Câncer jamais teriam, nesta divisão, alguma relação, já que Leão tem enormes dimensões e Câncer um pequeno tamanho. A divisão em doze partes é posterior à formação das constelações principais, associadas à sucessão das estações. As constelações zodiacais que surgiram em primeiro lugar foram Touro, Gêmeos, Leão, Virgem, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário, Peixes e Carneiro. Posteriormente, foram criadas Câncer e Balança.





As constelações zodiacais

A associação do nome das constelações à mitologia era uma maneira de permitir a transmissão oral das descrições do céu; o culto prestado aos fenômenos naturais, inexplicáveis pela ciência da época, deu origem a ligações místicas. Damos a seguir, em ordem alfabética, o nome das constelações zodiacais, com o significa­do mitológico e sua origem.



ÁRIES (CARNEIRO). Foram os babilônios que adotaram o signo de Áries para mar­car o início do ano, pois em 2500 a.C. o equinócio da primavera encontrava-se no meio das três estrelas que formam a cabeça do Carneiro. Conta-nos a mitologia que Frixo e HeIe eram filhos de Atamas, rei da Tessália, região da Grécia que vinha pas­sando por uma crise de desolação, seca e fome. Para que fosse sanada a situação e aplacada a ira dos deuses, Ino, a madrasta, exigiu que Frixo e HeIe fossem sacrificados. Para salvá-los, Mercúrio enviou um carneiro milagroso que os levou em fuga até a Cólquida.



TAURUS (TOURO). A mais antiga de todas as constelações e talvez a primeira a ser delimitada pelos babilônios, que a utilizaram para marcar o início do ano, pois o equinócio da primavera, há 4 000 a.C., localizava-se neste asterismo. Aliás, todos os antigos zodíacos mostram o seu início no Touro: o ano começava com o aparecer matinal das Plêiades na primavera, e o inverno com o seu aparecimento vespertino no outono. O aparecimento das Plêiades em novembro era saudado como a festa dos mortos. Povos da Antiguidade, como os caldeus e hebreus, davam ao mês de novembro o nome de Plêiades.

No mais antigo de todos os zodíacos egípcios — o de Denderah — a constelação do Touro está associada a Osíris, que era o deus especial do Nílo. O nascer heIíaco das Hyades, principal aglomerado do Touro, era associado à estação da chuva — donde a origem do seu nome, que significava “chover”. A lenda grega relata que Júpiter, enamorado de Europa, teria se transformado num touro de pele branca e aveludada. Europa, que brincava com as amigas, ao ver esse touro branco, que se mostrava tão manso, não teve dúvida em montar no seu dorso. Aproveitando-se da inocência de Europa, o touro se lança ao mar até atingir Creta. Desde então, brilha no céu como constelação, para lembrar esta união feliz.



GEMINI (GÊMEOS). A origem deste asterismo prende-se à coincidência de estar o Sol nesta região do céu no período posterior às inundações do NiIo, precedendo a época da germinação e anunciando a fecundidade. Inscrições existentes no túmulo de Ramsés VI, do século XII a.C., mostram dois brotos de plantas no lugar dos Gêmeos. A semelhança desta representação encontramos, no Atlas Celeste de Bayer, Pollux armado de uma foice.

Castor e PoIIux eram filhos gêmeos de Leda, esposa de Tíndaro, rei de Esparta, e de Júpíter, que se disfarçara em cisne para encontrá-la. Foram os dois que liberta­ram Helena, sua irmã, durante a guerra de Tróia. Castor era um famoso domador de cavalos e exímio cavaleiro, e Pollux destacava-se como lutador. Eram grandes amigos, inseparáveis em todas as suas empresas. Júpiter recompensou este amor fraterno colocando-os no céu como os Gêmeos. Na Antiguidade, a constelação foi freqüentemente representada pela figura de duas estrelas sobre um navio, pois Castor e PoIIux são considerados divindades protetoras dos marinheiros e viajantes.



CÂNCER (CARANGUEJO). A origem desta constelação é duvidosa. Alguns autores associam-na à semelhança do movimento do Sol, no solstício do verão, com o mo­do de andar dó caranguejo. Os caldeus já a conheciam. Os egípcios representavam-na no zodíaco de Denderah como um caranguejo redondo. Na mitologia grega, o caranguejo teria sido o animal que mordeu os pés de Hércules quando este combatia a Hidra de Lema. Para homenageá-lo, Juno colocou-o no céu.



LEO (LEÃO). Uma das primeiras constelações conhecidas dos babilônios, que, como todos os povos da Antiguidade, associavam o Leão ao Sol. O Leão é, realmente, a mais notável de todas as constelações zodiacais, já que o Sol se encontrava neste signo no solstício do verão, na época em que esse asterismo foi instituído. Para os egípcios a entrada do Sol no signo do Leão correspondia às inundações do Nilo e servia, portanto, como importante referência à atividade agrícola, pois a inundação trazia a fertilidade das margens do grande rio. Segundo a mitologia, este asterismo representava o leão do vale de Neméia, estrangulado por Hércules após a tentativa mal sucedída de matá-lo a flechadas.



VIRGO (VIRGEM). No vale do Eufrates, onde foram criadas as constelações, a da Virgem simbolizava a deusa Istar, filha do céu e rainha das estrelas. Representada como uma espiga na mão, constituía o símbolo da fertilidade. Se remontarmos a mitologia grega, veremos que era também a imagem de Deméter, a filha de Cronos e Rhea, deusa do trigo.



LIBRA (BALANÇA). Durante o equinócio do outono o Sol se encontra em Libra. Ora, como no equinócio os dias e as noites são de igual duração, levantou-se a hipótese de ter sido essa a origem do nome desta constelação. O sacerdote egípcio Manethon, que viveu no século III a.C., registrou que as garras do escorpião, que iam até os pés da Virgem, foram transformadas nos pratos da balança.



SCORPIUS (ESCORPIÃO). Segundo alguns autores, sua origem deve associar-se às secas e às pragas que assolavam o Egito quando o Sol se encontrava naquela região do céu. Desde a mais remota Antiguidade esta constelação foi representada por gregos, latinos, árabes e persas pela figura de um escorpião. O equinócio do outono, há 3000 a.C., localizava-se aí, quando este asterismo foi instituído. Na Pérsia, Antares, a estrela mais brilhante do Escorpião, era uma das quatro “Estrelas Reais’~ uma das guardiãs do céu, e naquela época, indicadora do outono. Os poetas gregos nos ensinam que Scorpius foi o animal enviado por Diana para matar Órion, que inter­vinha em suas atividades de caçadores, mas ele nunca conseguiu atingir a sua meta:

Realmente, as estrelas de Órion desaparecem no ocidente justamente quando o Escorpião nasce no oriente.



SAGITARIUS (ARQUEIRO). Inscrições encontradas na Babilônia e nos monumentos persas mostram esse asterismo personificado como o deus arqueiro da guerra de Nergal. No Egito era representado como um centauro alado, galopando para o ocidente e trazendo um longo chapéu, com um arco esticado, a fim de arremessar uma flecha no corpo do escorpião. No túmulo de Ramsés VI é representado, unicamente, como uma flecha.

Sagitário é a figura do centauro Quíron que, pela sua sabedoria, se distinguia dos seus semelhantes, incultos e brutais. Tendo aprendido dos seus preceptores a arte divina da medicina e da caça, teve como discípulos os argonautas. Imortal, ferido num combate entre centauros e lápitas, e sofrendo de dores atrozes ofereceu Quíron sua imortalidade a Prometeu. Morto, foi colocado por júpiter entre as estrelas.



CAPRICORNUS (CAPRICÔRNIO). A denominação Capricórnio, dada pelos cal-deus e babilônios, prende-se talvez a uma associação com as cabras que desciam das montanhas com a chegada do inverno; o Sol atinge neste signo o seu maior afastamento do pólo norte. Há 2 000 anos, com efeito, o Sol atingia Capricórnio no equinócio do inverno e Câncer no equinócio do verão. Daí a denominação dada pelos geógrafos à linha que passa a 23 graus ao sul do equador, do trópico de Capricórnio, e à que passa a 23 graus ao norte do equador, do trópico de Câncer. O Sagitário é, atualmente, o ponto onde o Sol se encontra quando está mais ao sul.



AQUARIUS (AGUADEIRO OU AQUÁRIO). Desde as mais remotas eras este asterismo foi associado à água, pois o Sol passava por esta região do céu durante as estações de chuva, no mês de fevereiro. Nos mais antigos monumentos da Babilônia já encontramos para representá-la a figura de um homem a entornar a água de um vaso sobre um pequeno peixe, o Peixe Austral. Para os egípcios, as estrelas Alpha e Omicron do Aquário indicavam o início dos tempos de semeadura, que vinha após as inundações do Nilo. No túmulo de Ramsés VI este signo está representado pela água.

A estrela Fomalhaut, situada ao sul deste asterísmo, era uma das quatro Estrelas Reais dos persas e indicava naquela época, em 4000 a.C., o solstício do inverno, O Aquário é assimilado a Hebe ou Ganimedes que, durante a assembléia dos deuses do Olimpo, derramavam nas suas taças o néctar da eterna juventude e da imortalidade.



PISCES (PEIXES). Os babilônios, os assírios e os persas representavam este grupo de estrelas por dois peixes. Para os egípcios esse signo registrava a aproximação da primavera e da estação da pesca. No zodíaco de Denderah está representado por dois grandes peixes ligados por uma faixa, em meio de um retângulo que simboliza a água. No túmulo de Ramsés VI é representado por um único peixe.

Diz a mitologia grega: quando Vênus e seu filho Cupido passeavam pelas margens do Eufrates, ficaram assustados com o aparecimento do gigante Tífon, e para escapar ao monstro mergulharam nas águas do rio, após se transformarem em peixes. Para perpetuar o acontecimento Minerva colocou-os entre as estrelas; donde o outro nome popular da constelação, Vênus e Cupido.

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