Monday, September 26, 2005

Arthur Schopenhauer

Arthur Schopenhauer
Trabalho para conhecimento e estudo
Na compreensão e entendimento Nietzsche


Algumas frases


"Em geral, os sábios de todos os tempos têm dito sempre o mesmo, isto é, a imensa maioria de todos os tempos, têm também feito e dito sempre o mesmo, e continuará sempre sendo assim. Por isso dizia Voltaire: Nóus laisserons ce monde ci aussi sot et aussi mechant que nous l'avons trouvé en y arrivant."
Extrato da introdução do ensaio "A Sabedoria da Vida".


"Há muito tempo que sou da opinião que a soma do barulho que um homem pode suportar sem se incomodar está na razão inversa de sua inteligência e é uma boa medida desta..."


"A modéstia é a humildade de um hipócrita que pede perdão por seus méritos aos que não têm nenhum."


"O que um indivíduo pode ser para o outro, não significa grande coisa, no fim cada qual acaba só. Ser feliz, diz Aristóteles, é bastar-se a si mesmo."


"Nada merece nosso esforço, todas as coisas boas são apenas vaidades, o mundo é uma bancarrota e a vida, um mau negócio, que não paga o investimento. Para ser feliz, é preciso ser como as crianças: ignorante."


o teólogo, em toda a sua imbecilidade."
O médico vê o homem em toda a sua fraqueza; o jurista o vê em toda a sua maldade; o teólogo, em toda a sua imbecilidade."




Arthur Schopenhauer
Trabalho para conhecimento e estudo



l Capitulo



Arthur Schopenhauer nasceu em 22 de fevereiro de 1788, em Dantzig, na Prússia, filho de um rico comerciante. A família abandonou Dantzig em 1793 quando esta cidade foi anexada à Polônia, instalando-se em Hamburgo. O pai suicidou-se, segundo parece, em 1805. A avó paterna tinha morrido enlouquecida. Sua mãe, Johanna Schopenhauer era culta e inteligente, tornando-se uma das novelistas mais apreciadas de seu tempo. Depois da morte do marido, estabeleceu-se em Weimar e passou a freqüentar os círculos mundanos. Schopenhauer não concordava com a conduta da mãe e as relações entre os dois deterioraram-se. Schopenhauer abandonou Weimar afirmando que, ela somente seria lembrada no futuro pelo fato de ser sua progenitora e não voltou a vê-la durante os vinte e quatro anos que ela ainda viveu. No tempo em que freqüentou o salão de sua mãe, tornou-se amigo de Goethe (1749-1832), o qual reconhecia seu gênio filosófico e o incentivou a desenvolver uma teoria antinewtonia da visão. Em decorrência, Schopenhauer escreveu "Sobre a Visão e as Cores", publicado em 1816. Aos 21 anos, ingressou na Universidade de Göttingen cursando incialmente medicina e transferiu-se depois para filosofia, concentrando-se em Platão e Immanuel Kant. Estudou também na Universidade de Berlim, mas defendeu seu doutorado na Universidade de Jena com a dissertação "Sobre a quádruplo raiz do princípio da razão suficiente".

O Orientalista Friedrich Majer, um discípulo de Johann Gottfried Herder, introduziu Schopenhauer nos ensinamentos hindus os quais tiveram profunda influência em seu pensamento. Ele passou a acreditar que juntamente com as filosofias de Platão e Kant, as doutrinas indianas constituíam o alicerce para construir uma sólida filosofia de representação. Consagrou todo o seu tempo à sua principal obra "O mundo como Vontade e como Representação", publicada em Leipzig, em 1818. Infelizmente não obteve o menor êxito, a maior parte da edição foi vendida 16 anos mais tarde, como papel velho.

Quando em 1822 foi chamado a Berlim como professor, agendou suas aulas no mesmo horário de seu oponente Hegel (1770-1831). Mas Hegel dominava o espírito da mocidade, era o filósofo oficial da Alemanha e Schopenhauer viu sua sala vazia, renunciando à universidade. Em 1831, deixou Berlim, fixando-se em Frankfurt-sobre-o-Main, onde passou o resto da vida, dedicado exclusivamente à reflexão filosófica.

Decididamente a vida não lhe permitia acalentar ilusões otimistas. Ali viveu os últimos 27 anos de sua vida, tendo apenas por companheiro um cão, o fiel Atma, que foi seu único dedicado amigo (O filósofo e seu cão. Caricatura de Wilhelm Busch). Sua predileção por animais era filosoficamente justificada; segundo Schopenhauer entre os cães, contrariamente ao que ocorre entre os homens, a vontade não é dissimulada pela máscara do pensamento. Passando toda a vida num ambiente árido de afetos, sem família, sem amigos, sem pátria, incompreendido, tornou-se irritável, misantropo e desconfiado. Schopenhauer trabalhou intensamente em Frankfurt, redigindo e publicando diversos livros. Em 1841 foi editado "Os dois problemas fundamentais da Ética" e em 1851 apareceram 2 volumes de ensaios sobre o título "Parerga e Paralipomena - literalmente "Acessórios e Remanescentes". De todas as suas obras, esta alcançou inesperado sucesso e foi a que mais contribuiu para a disseminação de sua filosofia. A partir daí, a notoriedade do autor espalhou-se pela Alemanha e depois para a Europa. Na Alemanha, a filosofia de Hegel entrou em declínio e Schopenhauer surgiu como ídolo das novas gerações. Schopenhauer conseguiu, nos últimos anos de sua vida o reconhecimento que sempre buscou. A Universidade de Breslau dedicou cursos à análise de sua obra e a Academia Real de Ciências de Berlim propôs-lhe o título de membro, em 1858, que ele recusou. Dois anos depois, a 21 de setembro de 1860, Arthur Schopenhauer faleceu aos 72 anos de idade, vítima de pneumonia.



Filosofia


Arthur Schopenhauer é o filósofo da vontade. Ela é o único elemento permanente e invariável do espírito, aquele que lhe dá coerência e unidade, que constitui a essência do homem. A vontade seria o princípio fundamental da natureza, independente da representação, não se submetendo às leis da razão. Schopenhauer afirma que o real é em si mesmo cego e irracional, enquanto vontade. As formas racionais da consciência não passam de aparências e a essência de todas as coisas seria alheia à razão: "A consciência é a mera superfície de nossa mente, da qual, como da terra, não conhecemos o interior, mas apenas a crosta". O inconsciente apresenta assim, um papel fundamental na filosofia de Schopenhauer. A vontade é, acima de tudo, uma vontade de viver e de viver na máxima plenitude. Ela triunfa da própria morte graças à estratégia da reprodução, que a torna imperecível. Por isso o instinto de reprodução é o mais forte de todos os instintos. A atração sexual é determinada por motivos estranhos ao indivíduo e tem em vista, apenas, assegurar a perpetuação da espécie, nas melhores condições possíveis.

Desde que o mundo é essencialmente vontade, não pode deixar de ser um mundo de sofrimento. A vontade é um índice de necessidade, e como ela é imperecível, continua sempre insatisfeita. A aparente satisfação da vontade conduz ao tédio. A satisfação de um desejo é como a esmola que se dá ao mendigo, só consegue manter-lhe a vida para lhe prolongar a miséria. Por isso mesmo a vontade é um mal e a origem de todos os males.


O conhecimento não nos permite triunfar do mal. Pelo contrário: desenvolve a capacidade de o sentir, aumentando a sensibilidade. O suicídio também não seria a solução, porque a vontade subsistiria sob outra forma, na espécie. A destruição voluntária de uma só existência é um ato inútil e estúpido porque a coisa em si - a espécie, a vida e a vontade em geral - não seria afetada. A solução do problema do mal está no aniquilamento da vontade, na renúncia total. Assim Schopenhauer se aproxima do ideal budista.

O MUNDO COMO VONTADE

Eu dou da opinião de que o individuo é um elemento e a espécie o grupo não importando ao grupo o deslocamento do elemento dentro do grupo a ascensão social no interior do grupo em nada muda o valor do grupo e logo o homem, como mero elemento da grupo não muda a natureza do grupo e assim sendo o grande grupo natureza e composto por outro grupos o das espécies mineral, vegeta e animal estes grupos menores deslocam-se no magro espaço do grande grupo natureza onde já por muito tempo existe do químico francês Antoine Laurent de Lavoisier. Filho de uma família que pertencia à nobreza francesa teve uma excelente educação, estudando nas melhores escolas francesas. “na natureza nada se perde nada se cria tudo se transforma”, porem a maior e primeira vontade do homem é a imortalidade, ate entendo que á tem porem nunca como deseja o homem a eternizarão do eu social , mediante reencarnação ao viver eternamente no paraíso. O ciclo da vida e mineral vegetal e animal esta vontade de ser eterno é a angustia primeira do homem.


Existe uma diferença entre o pessimismo trivial e o pessimismo schopenhaueriano (ou diríamos filosófico); o primeiro mantém o 'véu preto' em relação ao futuro, isto é, o tal de "não vai dar" ou "é assim mesmo" ou o "nunca vai dar certo". Bem, mas por que o não? Por que o nunca? Por que é assim ou tem de ser assim mesmo? O segundo tenta uma interpretação de um fato à luz da realidade através, também de investigações psicológicas e históricas para expor a miséria da condição humana como tal. Schopenhauer usa fatos para construir uma série de raciocínios que irão desembocar num ponto único expositor o pessimismo. A vida e, por conseguinte o homem [ser humano], não é tão bom como imaginamos. Nossos anseios, aptidões, sonhos são expressões, como toda natureza possuiu: à vontade.

A vontade perpetua na condição humana a dor e o sofrimento. Somente há dor e sofrimento quando há um sujeito identificando o mesmo, todo o problema então está na existência, "se o sentido mais próximo e imediato de nossa vida não é o sofrimento, nossa existência é o maior contra-senso do mundo". A existência dá a luz à vontade; quando queremos sofremos, pois querer é sofrer. O fato de que no otimismo a vida é sempre esperançosa é que não vemos o 'agora' e permanecemos no 'vir-a-ser', na esperança de algo melhor do que está, com isso, logo advém a frustração e se torna um círculo vicioso pela vontade de querer estar bem, ou seja, o bem-estar que nada mais é do que singela ilusão. Contudo, essa vontade de querer torna a condição de existência do homem, uma competitividade para melhor manter-se no bem-estar ou a todo custo buscá-lo, então, "parecemos carneiros a brincar sobre a relva, enquanto o açougueiro já está a escolher um ou outro com os olhos, pois em nossos bons tempos não sabemos que infelicidade justamente agora o destino nos prepara - , doença, perseguição, empobrecimento, mutilação, cegueira, loucura, morte e etc.". A vida é pusilânime em relação ao prazer e a felicidade.

O neoliberalismo econômico com esse triste legado, torna a existência de muitos ainda pior. O capitalismo gera seus filhos, porém, não sabe criá-los, tornando enganosamente a competitividade benéfica; o mundo está repleto de "favores", de "conhecidos", de "amigos". Você me dá, eu retribuo. Uma constante troca de favores e interesses. O homem é um ser desprovido de desinteresses. Em tudo existe algo que interessa, a cada um de acordo com seu agrado e vontade. Quando flertamos a linda donzela, de primeiro momento não cogitamos o prazer dela e sim no nosso, no prazer único do indivíduo. A necessidade humana na competição, na busca é inata, daí a vontade novamente nos toca. Construir para outros consumirem e vice-versa. Buscar, lutar, querer caracteriza o homem-animal. Daí podemos compreender o que Nietzsche (1844-1900) escreve em Vontade de Potência -última obra e pena que incompleta- esse homem que anseia pela potência, que luta, o que em nossa sociedade hipócrita prega-se o olhar sereno e piedoso para com o mais fraco, no entanto, na prática logo fugimos e proclamamos na hora da dor: salve-se quem puder!!!; Nietzsche não inverteu os valores da tradição, ele apenas mostrou como funciona a coisa na prática. Notemos também que Schopenhauer teve marcante participação na obra de Nietzsche, mas logo se afasta na maturidade desculpabilizando a vontade no ser humano.

Hoje o exemplo contundente da vontade é a globalização econômica, isto é, a estruturação máxima dos abastados do mundo; o prolongamento do consumo e dos consumidores. Nosso país, eterno consumista, perpetua, juntamente com os países subdesenvolvidos ou os ditos emergentes, a gorda fartura norte-americana e da máquina européia. É vantajoso às multinacionais um país subdesenvolvido, os supermercados e as lanchonetes mostram o destino de que esse ou aquele país serve tão somente para consumir e operar. Países produzem e países consomem, assim se mantém essa oscilância para "harmonia" do capital. Fico um pouco tranqüilo, porque lendo a história sei que todo império cedo ou tarde cai. A humanidade contribui para seu próprio infortúnio, ela quer lucrar e consumir.

Schopenhauer chama o homem de 'animal metafísico', pois "podemos elaborar filosofia e teologias para mascarar nossos desejos" (Freud); o animal irracional deseja sem esse artifício da racionalidade. "Nada é mais provocante, quando estamos discutindo com um homem usando razões e explicações e fazendo todos os esforços para convencê-los, do que descobrir, no final das contas, que temos que nos entender com a vontade dele".

A vontade é universal. Ela está presente no fenômeno da vida. Quando 'descemos' às formas mais "baixas de vida", temos a impressão óbvia que menor é o papel do intelecto. Quando colocamos um gato numa altura considerável ele percebe pelo instinto que irá ferir-se, não porque conheça a causa e o efeito, pois pode ser uma experiência nova -sendo o animal desprovido de futuro "ele é o presente corporificado" -, mas, porque e tão somente pela vontade, expressado no instinto. No homem quando a vontade é exacerbada e, no entanto, expressa o instinto "(...) ninguém está mais sujeito a erros do que aquele que só age por reflexo". O erro é fatídico. "Não percebemos a saúde do corpo como um todo e sim façamo-nos onde o sapato nos aperta".

A suposta felicidade, tão almejada pelos mortais, nada mais é do que simples satisfação consecutiva dos desejos, isto é, de suas vontades.

Não será essa tal coisa-em-si-mesma e/ou a coisa-em-si tão buscada pela filosofia? Não será essa a verdade 'mitológica' que Aristóteles buscou? Não será, essa vontade, a resposta à tais indagações?

O que certamente resume no homem a vontade é a vontade de viver, bem como todo em toda a forma de vida também; seu eterno inimigo e algoz é a morte. Será a vida capaz de derrotar a morte? E se for, como é possível? Para Schopenhauer não é possível derrotar a morte. Ela é, é claro, inevitável. Existe um "remédio" para esse dilema; Schopenhauer escreve que a "solução" desse dilema está na vontade de viver e de se reproduzir.

A vontade de reprodução no ser humano está intimamente ligada a vontade de viver. Para haver uma 'concessão' da vontade de reprodução é necessário também a negação da vontade de viver. Esta negação da vontade de viver não condiz em absoluto com a eliminação da vida, ou seja, o suicídio. Para Schopenhauer o suicídio nada mais é do que a afirmação da vontade de viver (e da própria vontade). O sujeito [indivíduo] que comete suicídio, o faz, porque sua vontade não é condizente com uma determinada circunstância. Schopenhauer propõe genérica homem, um alívio e o suicídio torna-se uma tolice. "o suicídio, a voluntariosa destruição da existência fenomenal isolada, é um ato fútil e tolo, porque a coisa em si mesma -a espécie, a vida e a vontade em geral- continua inalterado por ele, assim como o arco-íris dura por maior que seja a velocidade com que os pingos caem".

Em Schopenhauer a reprodução é "o fato de que a vida do indivíduo é, no fundo, apenas tomada por empréstimo à espécie”; somente um período da vida, toda a espécie possui a capacidade de reprodução, após isso frustrações e desesperos daqui e ali nos advém. Esse fato de subordinação do indivíduo à espécie é cíclico. A mãe é submetida ao pai, dos pais aos filhos, dos primogênitos aos mais jovens e dos indivíduos à espécie. O propósito de todo o organismo vivo é certamente a reprodução, somente nesta ilusória tentativa a morte poderá ser vencida pela vontade, então o desejo e a vontade são colocados acima do intelecto, do conhecimento, da razão. As mentes mais brilhantes da história, os gênios, não contraíram matrimônio e, tão pouco, tiveram filhos; hoje se algum desses contraem matrimônio, pouco dura, e de vez em quando têm filhos. A destruição do indivíduo está na subordinação do intelecto à vontade presente na espécie. Quando, em outrora, os casamentos eram escolhidos, os parceiros à cada um pelos pais, percebemos que era duradouro. Quando casa-se por amor, escolhe a máxima da vontade que a natureza lhe impôs. Óbvio que neste ponto exagera Schopenhauer. O amor [Eros] é uma estratégia da natureza, como cita Will Durant, "só um filósofo pode ser feliz no casamento, e os filósofos não se casam". Existe apenas a vida, a espécie e a vontade. Nada é criado, tudo é transformação. São as mesmas coisas só que mostradas [formas] diferentes sucessivamente no tempo. Tempo e espaço são o que os hindus chamam de o "Véu de Maia" que Schopenhauer pegou emprestado para mostrar ao ocidente a ilusão de todas as coisas.

O fato dessa "repetição" foi uma das inspirações para que Nietzsche escrevesse 'O Eterno Retorno', o que torna a idéia do processo, ministrada por Hegel uma tolice. A vida e o que a compõe, os seres, são na verdade sempre um pouco mais do mesmo. "A história nos mostra a vida dos povos, e nada encontramos a não ser guerras e rebeliões para nos relatar; os anos de paz nos parecem curtas pausas, entreados, uma vez aqui e ali (...)". Se o mundo é vontade em seu recôndito, e não estamos livres da vontade, escravizados por ela nem a pedra escapa da vontade como diz Espinoza "que se uma pedra que foi projetada no ar tivesse consciência, iria acreditar que estava movendo-se por sua livre vontade", então, estamos numa mesma barca, num mesmo mundo de sofrimentos e dores. Como foi mostrado acima, o desejo é insaciável no homem. Quanto mais temos, mais queremos. O homem faz o mundo e "ninguém é mui invejável, mui deploráveis são muitos". A culpa existencial do homem é dele mesmo, tanto pela necessidade natural de reproduzir-se, quanto pela contribuição da vontade [individual, e portanto, egoísta] que prolonga o sofrimento no outro, o inferno não é o outro e sim o próprio sujeito. "Seguramente, mesmo aquele que viveu suportavelmente, por mais que dure, mais nitidamente se dá conta de que no todo é um disappointment". [desapontamento; frustração].

As melhores pilhérias já ouvidas são: que no Brasil e em outros lugares do vasto mundo existe algo chamados Tribunais de Justiça -que no caso deveria, pela realidade, se chamarem Tribunais de Direito, pois justiça não existe e é onírico dos desfavorecidos -, a do Deus onipotente e misericordioso, criador de todas as coisas -o nome e o 'fato' Deus, serve para que no homem mantenha-se a ilusão da esperança que também é necessidade humana, bem como para manter-se vivo, consumidor-produtor-, e enfim, a religião, que não passa e é tão pura e simplesmente um fenômeno social. O homem é um grande inventor; inventou Deus e a justiça!

O desejo é infinitamente aguçado no homem, portanto, a consumação possui um limite. Quando damos esmola a um mendigo, nada mais fazemos do que prolongar seu sofrimento, mascarado pela suposta caridade. É bastante cômodo para ambos, porque cada um assim, fica em suas respectivas posições; a abstenção da vontade deve se tornar fato para contribuirmos de maneira que ele saia daquela condição [ou posição], evitando o apego por nossas possessões, "(...) a paixão satisfeita leva com mais freqüência à infelicidade do que a felicidade. Porque suas exigências muitas vezes conflitam tanto com o bem estar pessoal do interessado que o prejudicam". A dor está intimamente ligada ao prazer. O prazer é um anestésico à dor. A cada prazer satisfeito buscamos satisfazer outros e assim sucessivamente. Ora, se buscamos constantemente o prazer, estamos afagando o quê? Logo, está aí toda dor da toda existência em nós, em conseqüência, no mundo. O que restaria da dor se fosse apagada? O tédio. O inferno -como diz Schopenhauer- é dor; o céu, é tédio. Novamente, o mundo é mau, porque a essência do mundo é a vontade que gera dor, e quando "fugimos" da dor advém o tédio, ou seja, mais sofrimento.

A dor em si é breve, o homem sofre também pela contribuição da memória, em que ele antecipa as coisas pela ansiedade e a retrospectiva exausta, como vemos nos almoços e jantares em família. A vida e o mundo são maus por que é uma constante guerra. Guerra por um emprego, por um trabalho, por uma mulher, por um espaço, por um tempo e etc.. O apego a matéria graças a vontade, torna o homem um retrospectivo homo herectus , o animal idiota que luta e reluta pelas coisas fúteis; "(...) como se vê particularmente naquela multidão lastimável dos que constantemente se preocupam somente em preencher seu bolso, mas nunca sua cabeça, e aos quais justamente sua abastança se transforma em castigo, ao entregá-los às mãos ao tédio mortificante, para escapar do qual ora se apressam, ora se arrastam, ora se afastam de um lugar para o outro, para agora, tão logo presentes, temerosamente se orientarem quanto aos recursos do lugar, como faz o necessitado quanto aos possíveis meios de auxílio, pois seguramente a necessidade [dor] e o tédio formam os dois pólos da vida. (...)".

Como fala Schopenhauer, quando Dante escreveu seu inferno, a matéria-prima, o exemplo, foi tirado daqui mesmo, de nosso mundo, agora, deve ter-lhe dado dificuldade demasiada para descrever o céu. "(...) assim como a luz ilumina o espaço somente enquanto existe objetos para refleti-la -e, sem a luz não os vemos- (...) do mesmo modo a obstrução da vontade, para ser sentida como dor, precisa ser acompanhada pelo conhecimento, a que em si a dor é estranha" , então, somente podemos outorgar uma teoria somente à medida em que conhecemos algo pela experiência.

Por fim, nos advém a morte. "Todo o otimismo é uma zombaria amarga das desgraças do homem" "e a vida é um negócio que não dá para cobrir as despesas". Nossa tão doce e ilusória juventude nada mais nos dá do que o instinto animalesco de vitalidade; nós, jovens, ainda não percebemos que todo esforço é infrutífero e sem compaixão -por causa do egoísmo, insanidade, insaciedade e apetite-, mas a morte está distante e não a vemos, como o alpinista não vê o pico da montanha quando está em sua base. O prêmio, diz Schopenhauer e Platão, deveria ser dado à velhice, porque nela o homem fica livre da paixão animal.

O MUNDO COMO REPRESENTAÇÃO [OU IDÉIA ]

Diferentemente da eqüidade de Fichte que "reduz" o sujeito ao objeto, para Schopenhauer sujeito e objeto são dependentes entre si. O mundo exterior existe como representação enquanto existe o sujeito que 'aponta' para ele, que o observa. Quando o sujeito é dizimado, todo o aparato da representação nele é extinto com ele. No início de Die Welt Als Wille Und Vostellung Schopenhauer escreve que "o mundo é representação minha" e portanto, todo sujeito possuidor de consciência representa o objeto. Isso permite que o objeto seja sempre perceptível por ele através das formas a priori no espaço e no tempo; como não conhecemos as coisas como elas são, mas apenas pelos sentidos através destas formas, os objetos se tornam "conhecidos"; a representação existe pela existência do sujeito. Existe a relação entre o objeto e o sujeito, toda a inclusão no mundo depende do sujeito para tal, e por sua vez 'confirmá-los', ou seja, representá-los.

A máxima socrática do "conheça ti a ti mesmo", tem para Schopenhauer uma importância insondável. Não é possível o sujeito sair de si e conhecer a coisa em seu âmago, pois não conhece a si mesmo. A necessidade deste "auto conhecimento" é essencial. A atitude de conhecer não pode vir de fora para dentro e sim o inverso. A importância ao sujeito é 'verdade' na filosofia moderna, de Descartes até mesmo Berkeley. A coisa não possui existência independente. O objeto existe somente enquanto a consciência "olha" para ele. "(...) por mais que investiguemos, nunca poderemos alcançar outra coisa senão imagens e nomes". O sujeito e o objeto no pensamento são inseparáveis, cada um existe por meio do outro e em função dele [reciprocidade]. Segundo Schopenhauer o realismo está errado porque a realidade existe através da exteriorização do que está em nós; o materialismo porque coloca no auge a matéria e nega o sujeito [o sujeito se apresenta como matéria] e o idealismo (Fichte) que reduz o sujeito ao objeto. Ambos são causas e efeitos um do outro e vice-versa.

Esse mundo representação está longe de ser a coisa-em-si. Ela é fenômeno de um para o outro. Schopenhauer esclarece que também a representação é ilusão e aparência, o "véu de maia" dos hindus. Diferente no que diz respeito ao pensamento kantiano que o fenômeno é único e cognoscível e a representação não capta o número [a coisa-em-si]; o sujeito possui dois lados: um involuntário que é o da representação e o da resolução da vontade, puxando e reduzindo o sujeito, a coisa pensante ao fardo do desejo, como foi acima. Sempre haverá a ilusão do desejo proporcionado ao sujeito pela vontade e a ilusão da coisa-em-si. A vida é oscilação constante entre dor e tédio, se aquele é satisfeito estamos mergulhados, logo depois, no outro.

A ARTE COMO LIBERTAÇÃO

A vontade insatisfeita, a busca constante para sua satisfação e sendo satisfeita nos resta o tédio procuramos prazer e mais prazer, com isso as barreiras para tal aparecem, e em fim, novamente a dor, consecutivamente a vida oscila entre dor e tédio; ora um ora outro na relação infinita da vida.

Quando o homem consegue captar o império da vontade, compreende que ele mesmo é vontade. Ao alcançar o 'estágio' da percepção da permanência da vontade almejará a redenção, que só será realidade quando deixar a vontade de viver. A libertação se dá mediante a arte

A atitude do sujeito de observação do objeto, afasta o indivíduo de seus desejos e o separa das cadeias da vontade. Deixando de olhar para o objeto de maneira egoísta e para benefício ou malefício próprio; caracterizamos, então, esta atitude de observação "desapegada" como sendo a estética. Ele [indivíduo e/ou sujeito] mergulha no objeto e esquece de si mesmo, tornando-se livre da vontade, naquele instante ele é puramente observador [e/ou admirador] deixando a dor e o tédio. Esse 'estado' de observação é chamado pelos budistas e hinduístas como "estado de atenção"; o que impera é somente a observação da coisa, sujeito e objeto são atenção, permanecendo no estado fixo de perceptibilidade da coisa, ambos são desdobrados na observação; o indivíduo não pensa o objeto, ele se faz observado e observante, ele é puro olho do mundo. Fora do tempo, do espaço e da causalidade, o indivíduo percebe as idéias, essências e os modelos da coisa. A captação das idéias eternas é proporcionada pela estética e percebida, captada, olhada e contemplada pelo gênio que com estes intui os objetos. A obra dos gênios é eterna e honrosamente memorável "especialmente em Correggio (...) em suas pinturas as feições, particularmente os olhos, vemos a expressão, o reflexo do mais perfeito conhecimento, não o que é dirigido às coisas individuais, mas para as idéias, que apreendeu perfeitamente toda a essência do mundo e da vida (...)". Para os homens comuns essa 'experiência' é apenas, como diz Shopenhauer, "lanterna esse patrimônio cognitivo, mas para o gênio é o Sol que revela o mundo". Enquanto procuramos bens para o bolso, o gênio procura em favor do intelecto, o gênio é vontade de conhecimento. Daí, talvez a dificuldade de pessoas mui inteligentes de conviver, de estar em nosso mundo, justamente por perceber mui facilmente e intuir os objetos, "perceber as idéias". Ele não é um imediatista, é um contemplador, um pensador, um pintor, um músico, um físico, um matemático e em casos raríssimos é Padre.
A arquitetura, como fala Goethe, é música congelada, e para Schopenhauer "é expressão das formas naturais" e passa por estágios progressivos "à escultura, da pintura à poesia, chega à tragédia, a mais elevada forma de arte" pois ela objetiva a vontade, e continua a dizer que "a tragédia expressa e objetiva a dor sem nome, o afã da humanidade, o triunfo da perfídia, a escarnecedora senhoria do acaso e o fatal precipício dos justos e inocentes." O conceito é mui abstrato para determinação da estética e imediatista, determinado em seus limites. "A idéia, ao contrário, definida como representante adequado do conceito, é totalmente intuitível, e embora representando uma infinitude de coisas individuais, é inteiramente determinada: não é conhecida como tal pelo indivíduo, mas somente por aquele que se elevou, sobre todo querer e toda individualidade, é sujeito puro do conhecimento: logo, é acessível apenas ao gênio e àquele que, por elevação da sua faculdade de conhecer, motivada em sua maioria por obras do gênio se situa numa disposição genial(...)".

A música ocupa o lugar mais elevado na arte para nosso filósofo, "ela é um exercício oculto da metafísica, sem que o espírito saiba que está filosofando". A música é expressão da vontade, nela é transmitida a história mais secreta da vontade; ela é abstração transmitida. A música afasta o indivíduo da vontade pois enquanto contempla não deseja, logo, não sofre. Esses curtos momentos de contemplação mui raríssimos são; existe o objetivo de algo mais.

A ASCESE COMO REDENÇÃO

A religião diz Schopenhauer "é a metafísica das massas". Outrora um povo desprovido (e o que ainda não mudou muito) de erudição, a religião serviria para explicar a diferença das coisas inerentes a natureza. Como, na antigüidade, o mito teve proporcional serventia. O cristianismo, por exemplo, é um pessimismo segundo Schopenhauer; a doutrina do pecado original como sendo a afirmação da vontade e a salvação como sendo a negação da vontade. A penitência do jejum é exemplo também, não só da negação da vontade, mas da negação do querer viver.

Schopenhauer considera o budismo como o mais profundo pessimismo, porque proporciona à humanidade o Nirvana. O Nirvana é pura negação da vontade de viver; a aspiração do nada, da "divina mãe", da "noluntas" ou renúncia à própria vida. Todo esse exercício de perfeição para suprir a vontade que proporciona a dor e o tédio, é a ascese, que significa justamente isso: exercício.

Na medida que o indivíduo procura a ascese ele se afasta do conhecimento, também gerador do sofrimento; esse exercício, essa ascese é o trabalho da negação da vontade de viver. Todo esforço para negação da vontade é negação da vontade de viver, porque a vida é toda vontade, raiz de todo o mal. Para suprimir esse mal voraz é necessário realizar a justiça, isto é, considerar os outros indivíduos como sendo unilaterais, uma perfeita superfície lisa e nivelada. Essa justiça machuca porque fere o egoísmo humano, pois há casos em que pela justiça que proporcionamos (ou presumimos proporcionar) sempre desfavorece um e favorece outro e, muitas vezes, um terceiro. A justiça, essa ilusão, deve ser ultrapassada e eliminar toda distinção. Todos jogam num mesmo time, só que cegos! A ultrapassagem da justiça se dá através da bondade, isto é, o amor ágape [____h_, a charitas, sem quaisquer interesses; é sentir a dor do outro pela compaixão, pelo olhar do fim trágico a qual todos estão destinados como também o sujeito. É fazer-se solidário à dor do outro olhando pela [e para] nossa própria miséria e miséria condicional humana. "De fato, a convicção de que o mundo, e portanto também o homem, é algo que propriamente não deveria ser, é adequada a nos prover de tolerância uns em relação aos outros: pois o que há de se esperar de seres sob tais predicamentos? E mesmo partindo deste ponto de vista, poder-se-ia pensar que o tratamento apropriado entre os homens em lugar de Monsieur, Sir e etc., deveria ser "companheiro de infortúnio, soci malorum, compagnon de misères, my fellow-sufferer". Por mais estranho que possa parecer corresponde à coisa, lança sobre o outro a luz apropriada e recorda o necessário, a tolerância, paciência, piedade, amor ao próximo, indispensável a todos, e portanto de que todos são devedores".

A compaixão é fundamental na ética de Schopenhauer. Devemos considerar não a admiração ou a inveja e sim considerar sua infelicidade, o triste infortúnio de todo o ser vivente e sobretudo entre os homens, e teremos a piedade e o compadecer que também é padecer, todo apresentado na ascese; o horror diante da miséria humana. O primeiro passo nesse exercício é a da castidade perfeita, a negação da vontade de reproduzir geradora de sofredores e mais sofredora.

O homem como fenômeno é um elo da cadeia causal do mundo fenomênico. Quando o homem [ser humano] olha para esse triste fim, e anseia pela liberdade através da arte, ele atinge o que os cristãos chamam de "estado de graça", e Schopenhauer chama de redenção. Surtir o compadecer, a compaixão, a piedade que é a resolução da ascese; e que esteja longe o retorno à vontade, o indivíduo faz com que ascese e redenção sejam conseqüências. Quando anseia pelo àgape [____h_ e a charitas e buscá-los o homem se redime].

SCHOPENHAUER CONTRA HEGEL

A contemporâneidade sempre com prioridade na produção de lucros, torna fatídico também no meio acadêmico. A fabricação de intelectuais na imprensa (e editoras), de intelectuais e "doutores" pelas universidades (mais uma contribuição às editoras e à imprensa) não era muito diferente da época de Shopenhauer. Qual o projeto de um intelectual e de um filósofo? Será a fama? O reconhecimento de seu meio glamuroso por quilos de artigos elogiáveis? Por dinheiro? Talvez, pois uma boa parte dos professores universitários, (com raríssimas exceções) não se locomovem por meio de transporte coletivo. Bom, mas o nefasto meio que Schopenhauer experimentou era tão igual quanto o nosso, e a mira revoltosa era expressivamente Hegel "(...) a filosofia tornou-se instrumento de interesses estranhos, interesses de Estado por cima de interesses pessoais por baixo (...); os interesses para os quais se tende são em sua essência estritamente pessoais, profissionais, eclesiais e estatais, ou seja, em breve interesses materiais".

Hegel era autoridade filosófica da época ou o 'ditador' intelectual, e por isso nosso filósofo o ataca sem preconceitos. Toda essa crítica possa ser dada por que Schopenhauer não teve o mesmo prestígio. A filosofia de Schopenhauer era feita para a posteridade -como ele mesmo anunciara - todo o pensamento construído por ele afeta demasiadamente a auto estima; pela cega ausência de vontade a filosofia schopenhaueriana fere o otimismo humano, e, duvido que alguém queira ficar face a face com a dor.

O pensamento hegeliano desemboca num sofisma justamente por ele ser um filósofo remunerado; Schopenhauer não aceitava a remuneração através da filosofia , pois como para os antigos, um caractere dos sofistas. Hegel era chamado por Schopenhauer de o "caliban" da filosofia, ou algo mais forte como "sicário da verdade" e "o mero charlatão." Não foi somente Schopenhauer quem ironizou Hegel, Sören Kierkegaard (1813-1855) o fez: "Ah, Hegel! Aqui necessito da linguagem de Homero. A que explosões de risos não devem Ter-se entregue os deuses! Um professorzinho tão sem graça, que pretende simplesmente ter descoberto a necessidade de toda a coisa!" A eloqüência e a elegância da filosofia sistemática de Hegel, é para Schopenhauer e Kierkegaard estúpidas, pois esquece o indivíduo e reduz a história como sendo definitivamente um processo racional. "Nenhum sistema é definitivo porque a vida não é definitiva" como nos fala Benedetto Croce (1866-1952), filósofo italiano.

Conclusão, toda filosofia de Hegel é uma palhaçada; "ele torna a filosofia serva do Estado". Não é a toa que Hegel foi um bom jurista. Os juristas militam tanto em favor do Estado quanto um soldado.

[Infelizmente o povo (que manipulado foi) escolheu um doutorzinho para a presidência. Dizer a uma nação "esqueçam o que escrevi", é ofensa não só para ele, certamente para os intelectuais também. Ora, dedicam, os intelectuais, uma vida inteira de estudos por quê? Ou para quê? E toda a sociologia do excelentíssimo Sr. Presidente equipara-se a de Hegel, justamente por nossas circunstâncias, e, se estivesse vivo Shopenhauer se expressaria melhor do que o autor deste artigo.]

Apesar de Schopenhauer não expor com "argumentos eficazes" sua crítica a Hegel, sempre com ditames de baixo calão, a proposição argumentativa não afeta de maneira sistemática, porém quer nosso filósofo expor o perigo equivocado da filosofia. Tanto para Platão como para Schopenhauer a filosofia é também um estilo de vida -, não como o trivial dito popular: "essa é minha filosofia de vida", e sim como um sistema filosófico na vida reciprocamente.

A formação universitária nunca foi um pressuposto de educação. A universidade é uma dentre as demais empresas; o produto é vendido, os consumidores deste são os ouvintes que, sem o devido tributo, não desfrutam do produto dela. A verdade é que seria mui coerente colocar ao frontispício dos campi e demais lugares da cidade o seguinte ditame: Aqui vendemos diplomas, inscrições abertas! Ora, se o mundo vive de título esse "invitatório" não seria hipócrita, a falta de seriedade é fatídica e houve um ato de compra e venda, contudo, sem responsabilidade posterior. Educação é compromisso. Oportuno o artigo da professora-doutora Marilena Chaui publicado pela Folha no Mais! (05/03/00) com relação ao compromisso do Estado para com as crianças (a educação propriamente), onde afirma a absurda despreocupação do governo e a 'preocupação' do Sr. Ministro Pedro Malan e o FMI se é possível ou não haver um fundo para a pobreza e etc.. O problema é que cada um está preocupado com o "seu". Pouco importa para os ministros, congressistas e presidência se a pobreza é crescente ou não, e se a educação vai bem ou mal, importa para eles a educação dos filhos deles e os demais ficam a mercê da sorte. Boa parte da culpa está no povo, embora seja um tanto perigoso escrever isto, pois pode haver interpretações errôneas, o cidadão brasileiro não é politizado, do interesse e do descompromisso da população. Muitas vezes um governo é reflexo de uma nação. Se o governo coloca lá no teto o teto salarial deles, nada vemos, agora se hipoteticamente surgir um decreto que estarão proibidos os festejos de entrudo (é claro que um bom entrudo é bem vindo para o governo, o plano real foi lançado em pleno carnaval por exemplo), contemos pouco tempo e emergirá uma guerra civil.

Saúde, educação e segurança no Brasil estão falidos. A 'empresa governamental' resumida a um neoliberalismo mal elaborado torna-se inconseqüente. O grande erro do imediatismo é o planejamento imperfeito, isto é, se calcula o agora e se tem um edifício construído em terreno arenoso, pois indispõe as possibilidades de erro. Novamente o otimismo é inimigo. A educação é fator mais sensível. Os cidadãos são educados à ignorância e à autoridade do título, do diploma. Schopenhauer expõe essas diversas alcunhas do otimismo, que alimenta no homem a ilusão da esperança.

* * *
O leitor pode conjeturar em certos pontos do pensamento de Schopenhauer um exagero. Isso não é um equivoco, mas também não é um acerto, é simplesmente uma percepção à primeira vista. Podemos dizer que o pensamento de Schopenhauer, em certo sentido é exagerado, mas nunca um pessimismo dissimulado.

Quando os críticos de Schopenhauer pretendem exigir de sua doutrina um sistema, pensemos que embora nosso filósofo em várias passagens de sua vasta obra coloque seu pensamento como um sistema, eles não devem, pelo bom senso, tocarem-se sobre tal, fato que é tradição entre os acadêmicos um estio lógico. No caso de Schopenhauer um sistema estabelecido nestes parâmetros não pode ser levado em consideração. O pensamento schopenhaueriano coloca-se na filosofia mais como uma doutrina que como um sistema, é prudente considerar assim.

Não se pode exigir de uma época passada, concepções morais (e intelectuais, religiosas, científicas e etc.) contemporâneas. Isso é ingenuidade. Fica fácil, é próprio do ser humano este vício de prestar considerações e/ou críticas a um autor no túmulo. Para cada época se tem uma necessidade, seja em qualquer dimensão.

Não podemos deixar também de desmerecer a contribuição de Hegel para a história da filosofia e o ensino dela. Consideremos o pensamento de Schopenhauer não como um remédio, sendo um pessimismo romântico, mas um bom instrumento doutrinal para nos afastar da frustração, proporcionada por um desejar inconseqüente e errôneo do futuro

Em fim, o lema do milênio seria, sem qualquer delonga: Seres de todo o mundo: Não tenham filhos!

0 Comments:

Post a Comment

<< Home